Atualidade/Referenciais ditam o perfil de consumo de mulher da classe C

09/04/2011 Mariana Cerigatto

Mais preocupadas em se sentir bem vestidas para serem aceitas em sociedade, mulheres da classe C são influenciadas por certos valores quando consomem. Ao comprar roupas ou cosméticos, estilos e ideais de personagens de novelas pesam bastante. Esse é um pouco do recorte que caracteriza o perfil e comportamento de uma maioria de mulheres consumidoras da classe C. Esse novo comportamento, assim como outros hábitos de consumidoras da classe média que não param de impulsionar a economia, foram discutidos nesta semana no auditório do Sebrae-SP em Bauru. Quem discorreu sobre o assunto foi o diretor do núcleo de publicações para mulheres da classe C da Editora Abril, Demetrius Paparounis, também especialista em Gestão de Negócios pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (IBMEC). O visível crescimento econômico dos últimos anos colocou a mulher da classe C em uma situação mais favorável de consumo. O fato é mais do que comprovado: pesquisas recentes apontam que essa parcela é um grupo em formação com crescente poder de compra, principalmente pela entrada de 30 milhões de pessoas para a classe C, representando 50% da população. Nesse sentido, Demetrius ressalta que de 2010 a 2014, mais 36 milhões de novos consumidores integrarão esta categoria, o que significa um aumento de 66 milhões de pessoas, representando uma população superior à da Itália. A alta participação dessa parcela significativa da população na economia tem movido inúmeras pesquisas de mercado que buscam traçar o perfil de comportamento desse público específico. A palestra ministrada por Demetrius foi baseada em estudos realizados pela Editora Abril e Ibope nos anos de 2003, 2008 e 2009, com mulheres entre 20 a 45 anos, nas quais foi possível observar diferenças significativas na forma como essa parcela da população vive, pensa e consome. Segundo Demetrius, o setor de vestuário e cosmético são os dois segmentos que mais se fortaleceram com a participação do público feminino. “Um cabelo bonito é cartão de visita e a mulher pode chegar a investir até 20% de sua renda em alisamento ou produtos de maquiagem”, informa. Os setores de alimentação e eletrodomésticos vêm logo atrás. Valores Contudo, o consumo desses produtos seguem ideais e valores, que, muitas vezes, vêm da própria mídia. “Essa mulher passou a frequentar novos ambientes, profissionais e sociais. E assim, ela passou a querer se apresentar ao mundo de uma nova forma, ser mais aceita em sociedade e busca produtos com certos valores embutidos, tendo como referência personagens da mídia, principalmente, das novelas”, explica o especialista. Assim, conforme ele aponta, as telenovelas veiculadas pelos veículos de comunicação de massa se tornaram difusoras para o mundo da moda e grandes divulgadoras de jeitos de se vestir. “Então, copia-se personagens de novelas na hora de comprar roupas, acessórios e produtos de beleza”, alega Demetrius. Os estilos copiados nas novelas são responsáveis não só por definir hábitos e comportamentos do público feminino. Eles interferem em toda uma dinâmica de mercado, mobilizando indústrias de vestuários e cosméticos, que se preocupam em disponibilizar rapidamente em suas lojas modelos inspirados nas novelas. “Peças novas entram com uma certa frequência nas lojas e impulsionam o consumo, fazendo com que as consumidoras frequentem mais vezes esses locais, se sentindo atraídas pelas novidades em curto espaço de tempo”, avalia. Além da procura constante por peças de roupas, calçados ou acessórios que tenham estilo e carreguem valores, a busca por qualidade, preço acessível e bom atendimento também são elementos que predominam perante a decisão de compra dos produtos. Mas nada é feito de forma impulsiva. “A mulher da classe média tem sido cuidadosa, pesquisa os valores e não compra impulsivamente. A Internet tem sido uma ferramenta bastante utilizada nessa busca pelo melhor preço”, examina Demetrius. Fonte:http://www.jcnet.com.br/detalhe_geral.php?codigo=205002