Como saber se seu filho sofre ou é autor de bullying, uma prática que não é brincadeira de criança
Carolina Marques Tamanho do texto A A A “Girafa”, “vovó sem dente”, “substantivo abstrato”, “cafona”, “desdentada”, “feia”, “piolho” ... Estes foram os apelidos nada delicados que F.G.C.S, de 21 anos, recebeu durante toda a infância e adolescência, nos colégios pelos quais passou. Não era uma brincadeira inocente.
— Os ataques começaram quando eu tinha 4 anos e se prolongaram. Hoje, sofro de síndrome do pânico e vi minha vida destruída por pessoas sem coração — desabafa F.
Casos como os dela proliferam no mundo. Se o comportamento de alguém ou de um grupo agride, verbal ou fisicamente, de forma insistente, isso se chama bullying. O termo tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
A prática é a que mais cresce no mundo e preocupa autoridades, pais e professores.
— As vítimas de bullying, normalmente, são aquelas fora dos padrões de beleza impostos por um grupo ou sociedade — explica a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro "Bullying e Cyberbullying — O que fazemos com o que fazem conosco?".
Maria Tereza deixa claro em sua pesquisa que existem três grupos: os agressores, as vítimas e os espectadores do bullying. E ressalta que uma vítima pode ser também um praticante:
— É como se ele precisasse descontar em outro. Comumente, a vítima também oprime alguém, reproduz o comportamento do agressor. Não é útil ver a vítima como totalmente frágil e o autor totalmente "fortão".
Sinais de alerta
Mas como saber se seu filho ou aluno está inserido num dos grupos de bullying e não pensar que o assunto é frescura ou uma brincadeira de criança?
— Medo de ir à escola, material escolar destruído ou rasgado, dinheiro ou merenda roubada constantemente, enjoos e dores de cabeça nas horas que antecedem a ida para o colégio ou a queixa destes sintomas antes da hora da saída ou do recreio, queda no rendimento escolar e vontade de mudar de escola. Se seu filho tem algum destes sintomas, fique atento — diz o educador Gustavo Teixeira, em seu livro "Manual antibullying".
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