Artistas promovem volta ao mundo através do desenho
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Fotografia digital já virou moda acessível para quase todo mundo. Qualquer lugar ou evento é constantemente bombardeado por milhares por câmeras ou celulares. Na contramão dessa tendência, um grupo de artistas e entusiastas procura retratar o mundo de uma forma bem mais subjetiva e tradicional: pelo desenho. Trata-se do Urban Sketchers, uma comunidade de amantes dessa arte.
Lisboa, Alemanha e Barcelona dentre os vários lugares retratados em todos os continentes
Tudo começou dentro do site de compartilhamento de fotos Flickr, com um grupo criado em 2007 pelo jornalista e ilustrador espanhol Gabriel Campanario. O objetivo era integrar artistas que faziam desenhos de cenas urbanas nos sketch books, aqueles caderninhos de anotações com ou sem pauta, ao redor do mundo.
Desenhos de todos os cantos do planeta começaram a ser postados e ficou fácil conhecer o trabalho feito por artistas, arquitetos, designers ou qualquer outro entusiasta dos sketchs. O grupo cresceu, ganhou um blog e virou uma organização sem fins lucrativos. O objetivo é desenvolver o gosto pelo desenho com integração de artistas e técnicas. A ONG também organiza doações para projetos sociais.
Qualquer pessoa pode submeter seus desenhos no grupo, mas para centralizar a produção em vários pontos do globo, Campanario escolheu 100 correspondentes oficiais. São artistas de seis continentes que postam diariamente imagens de suas cidades e viagens. O Brasil conta com três correspondentes, todos em São Paulo: o ilustrador João Pinheiro, a artista plástica Juliana Russo e o arquiteto Eduardo Bajzek.
Dê uma volta pelo mundo do desenho!
O Urban Sketchers propõe uma interessante forma de descobrir o mundo através dos desenhos de artistas que conhecem detalhes que muitas vezes passam despercebidos por olhares não tão atentos. Lisboa, Istambul, Bangkok... cidades ao redor do globo são representadas em desenhos que variam de estilos e formas, segundo cada autor.
“É um retorno a uma visão mais pessoal. A fotografia ficou um pouco saturada, perde um pouco do humano. O desenho traz mais isso”, afirma João Pinheiro, um dos correspondentes no Brasil. O ilustrador foi convidado a participar do Urban Sketchers em novembro de 2008 após ter seu trabalho descoberto no site Diário Gráfico e desde então não parou de contribuir para a comunidade.
“Foi minha grande escola, um grande aprendizado. Hoje meu trabalho pessoal é feito quase em torno do caderno. Antes procurava em apresentar um trabalho final, mas com os comentários de outros membros, passei a achar a espontaneidade do esboço legal. Tento levar essa espontaneidade do desenho de caderno para a ilustração”, conta.
A exibição mundial dos trabalhos também reflete em novos contatos profissionais. Pinheiro destaca que já recebeu propostas de trabalho a partir da divulgação de seus desenhos no site. “Você publica um trabalho e em pouco tempo já tem comentário. Você fica mais visto. Não tem sentido em fazer cultura se não tiver público”, completa.
Técnicas e encontro brasileiro
Os desenhos divulgados pelo Urban Sketchers possuem os mais variados estilos, desde representações bem próximas do real, até traços mais simbólicos. São trabalhos em preto e branco ou coloridos.
“Eu uso caneta nanquim e pincel basicamente. Trabalho com ilustração. Então sou obrigado a usar tablet e outras ferramentas, mas sempre tive apreço pelo desenho antigo, ao preto e branco. Acho que tem mais a ver com a minha visão de São Paulo”, define.
O grupo promoveu em novembro do ano passado o primeiro Simpósio Internacional de Urban Sketching, em Portland, nos Estados Unidos. O próximo será entre 23 e 26 de julho em Lisboa. Além disso, algumas flash mobs são organizados ao redor do mundo para encontros coletivos de desenho.
Artistas brasileiros que gostam do suporte também planejam criar uma espécie de “filial” do Urban Sketchers no país. “Ainda está só na ideia, mas estamos vendo a possibilidade de divulgar melhor os trabalhos de tantos artistas em São Paulo, Minas, pelo país”, diz Pinheiro
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