Resgate de cauda e outros destroços do voo 447 começa na Páscoa
PARIS - O Ministério dos Transportes da França e o Escritório de Investigação e Análise (BEA), órgão responsável pelas buscas do voo AF-447, revelaram às famílias que a nova expedição ao Atlântico para resgatar destroços do Airbus A-330-200 e corpos de vítimas terá início em 21 de abril. Nessa data, o navio Ile-de-Sein, de propriedade da companhia Alcatel-Lucent, deixará o Cabo Verde em direção ao local do acidente.
Os dados foram divulgados aos familiares na segunda-feira, em reunião fechada realizada na sede do Ministério dos Transportes, em Paris. Estiveram presentes, entre outras autoridades, o secretário de Estado de Transportes, Thierry Mariani, e o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec. Da parte das famílias, estiveram representantes de associações da França, do Brasil, da Alemanha, entre outras.
Além da data da quinta fase de expedições, as autoridades forneceram às famílias das vítimas mais informações sobre os destroços localizados no Atlântico há 10 dias. De acordo com Troadec, a cauda do Airbus A330-200 está entre os pedaços fotografados pelo robô submarino que realizou as operações. Foram reveladas novas imagens dos destroços - além das já apresentadas à imprensa - e mais detalhes sobre as peças já identificados. Entre eles, está a cauda do avião.
A informação causou confusão no Brasil porque chegou-se a anunciar que as caixas-pretas do Airbus haviam sido localizadas. Consultado pela reportagem do Estado, o BEA negou enfaticamente o rumor. 'Essa informação é falsa', afirmou Alain Guilldou, porta-voz do escritório. Segundo ele, pode ter acontecido um erro de interpretação. Guilldou garantiu ainda que, caso as caixas-pretas sejam localizadas, um anúncio oficial será feito pelo BEA às famílias e à imprensa, já que a busca dos gravadores é a prioridade das investigações há dois anos.
A localização da cauda do avião, entretanto, foi suficiente para levar otimismo a Nelson Faria, presidente da Associação das Famílias de Vítimas do Voo 447 da Air France. 'A cauda do avião foi localizada', disse ao Estado. 'Em toda aeronave, as caixas-pretas ficam na cauda. Ou seja: com 99% de certeza encontraram as caixas-pretas.' Questionado pela reportagem, Marinho reconheceu que essa é sua interpretação, e não uma informação oficial.
Além de obter detalhes sobre os destroços, as famílias de vítimas tiveram mais detalhes sobre a operação de resgate dos corpos. Segundo Marinho, a associação pediu para ter acesso a fotos dos restos mortais. As imagens, entretanto, foram negadas pelo BEA. 'As fotografias dos corpos não foram apresentadas nem às famílias. Se alguém quiser ver, terá de passar pela Justiça', disse Marinho.
Outras duas reivindicações de familiares de vítimas brasileiras também estão encontrando resistência do BEA e do governo francês. A primeira diz respeito à presença de um observador do Brasil na embarcação que realizará a coleta dos destroços e dos corpos. 'Foi estabelecido que o navio partirá sem representante das famílias a bordo a fim de não afetar os procedimentos judiciários', justificou Mariani às famílias durante a reunião.
A segunda divergência diz respeito ao pedido de que as caixas-pretas sejam analisadas em um 'país neutro' - expressão usada por Marinho -, e não na França. 'Sugeri que as caixas-pretas sejam levadas para os Estados Unidos, porque a França é acionista das empresas envolvidas', argumentou Marinho.
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