Polícias do Peru e Brasil combatem plantações de coca na fronteira
Nunca a cocaína esteve tão próxima do Brasil.
Nunca a cocaína esteve tão próxima do Brasil.
O repórter José Roberto Burnier chega a atravessar as fronteiras sem encontrar fiscalização.
Nunca a cocaína esteve tão próxima da fronteira com o Brasil. É uma informação exclusiva do repórter José Roberto Burnier e do nosso correspondente de segurança pública Rodrigo Pimentel. O Bom Dia Brasil teve acesso à nova estratégia da Polícia Federal para combater o tráfico de drogas no Brasil. Foi a primeira operação coordenada entre Brasil e Peru para acabar com uma plantação de coca em território peruano.
De Manaus para o extremo oeste da Amazônia. Do alto, a floresta parece não ter fim. No meio da imensidão verde e silenciosa, o perigo está mais perto do que se imagina.
Burnier e Pimentel vão ao município de Tabatinga, a mil quilômetros de Manaus, no extremo oeste de Amazonas. A cidade tem 52 mil habitantes. No lugar está a tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. O Peru e a Colômbia são dois dos maiores produtores de cocaína do mundo.
Burnier e Pimentel caminham e cruzam a fronteira do Brasil com a Colômbia. Esse é um problema do controle de fronteira do Brasil. Eles atravessam sem que ninguém pare, peça documentos ou faça uma revista. Eles poderiam facilmente estar com os bolsos cheios de drogas e armas.
O Brasil é vizinho de quatro dos maiores produtores de drogas do mundo: Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai. No total, o Brasil tem 16 mil quilômetros de fronteira, 22 postos de fiscalização da Polícia Federal e um imenso desafio.
A equipe do Bom Dia vai de Tabatinga até a cidade peruana de Santa Rosa. São sete minutos no barco chamado “voadeira”. Ninguém pergunta nada na saída. Não houve nenhum tipo de controle. Segundo o responsável pelo barco, ninguém pergunta quando se chega do outro lado. É incrível como é fácil entrar em qualquer país da tríplice fronteira.
“Essa é a vocação dessa fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. São povos que vivem de comércio, compartilham riquezas, pesca, milhares de pessoas circulam todos os dias. É inviável qualquer força militar com uma fiscalização nesse contexto. A vocação da nossa fronteira é de controle rígido ou de integração entre povos?”, ressalta Rodrigo Pimentel.
Outras ações estão em curso. Na sede da Polícia Federal em Tabatinga, está a cooperação do Brasil com Peru. Policiais nacionais do Peru se reúnem com o alto comando da Polícia Federal.
“Estamos abrindo um precedente valioso para a cooperação internacional que vai trazer benefícios não só para as fronteiras, como também para os grandes centros, porque a quantidade de drogas vai diminuir. As plantações nunca estiveram tão próximas da fronteira. Pelas fotos, algumas estão a 50 metros, no máximo. Só tem um motivo para não estarem em território nacional: o acaso”, comenta Sérgio Fontes, superintendente da Polícia Federal.
A área da operação tem o formato estratégico de um trapézio. Daí surgiu o nome da missão. São 200 policiais do lado peruano e 50 do lado brasileiro. No caminho para a operação, um flagrante de apreensão, que no lugar é uma rotina.
Segundo a ONU, o Peru já está muito próximo de se transformar no país com a maior área plantada de coca no mundo: 61,2 mil hectares. A Colômbia tem 62 mil hectares e a Bolívia, 30 mil.
Na base militar peruana, que fica bem na fronteira entre Peru e Brasil, começa a operação conjunta, a primeira entre os dois países de combate ao narcotráfico. A equipe do Bom Dia embarca nos helicópteros da polícia nacional peruana e segue para a região onde os policiais vão erradicar plantações de coca que estão sendo cultivadas bem na fronteira com o Brasil.
Do alto, é possível ver imensas clareiras na floresta peruana. São nove pontos de plantação de coca descobertos pelo serviço de inteligência da polícia do Peru. Todos eles ficam a poucos metros da fronteira do Brasil.
No povoado de Sacambu, do lado peruano da fronteira, na companhia da polícia peruana e da Polícia Federal, o Bom Dia registra a operação de erradicação de droga. O repórter Burnier chega a pisar na coca. Os policiais arrancam a planta toda para que ela não possa nascer de novo. Segundo Rodrigo Pimentel, essa é a forma mais segura de combate.
A planta da coca é a origem de uma série de tragédias que vemos nas grandes cidades. A origem do crack está aí. A operação terá a possibilidade de evitar que todas essas folhas se transformem em crack e cheguem ao Brasil. Segundo as autoridades peruanas, tudo isso iria para o país.
Combate ostensivo ao trafico nas grandes cidades, fiscalização na fronteira, ataque à origem do problema nos países que produzem a droga: será que assim será possível sufocar o tráfico?
Nenhum comentário:
Postar um comentário