Artes-Tarsila do Amaral
À margem da Semana de Arte Moderna, despontaram algumas personalidades importantes, sem as quais não seria possível apresentar um quadro completo da criação modernista, pois sua obra é fundamental tanto pelo nível expressivo quanto pela originalidade da solução. E não é exagerado afirmar que entre esses criadores isolados se encontram alguns dos maiores artistas brasileiros deste século, como Tarsila do Amaral, Antônio Gomide, Celso Antônio de Meneses e Osvaldo Goeldi. Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, no interior do Estado de São Paulo. Estava perto dos trinta anos quando, em 1916, -deu início à sua carreira de artista, tornando-se aluna dos escultores Zadig e Mantovani.
Em 1917 era aluna de Pedro Alexandrino, nada tendo feito que deixasse pressupor o alto nível que atingiria sua pintura, anos mais tarde. Depois dc curto estágio no ateliê do pintor alemão Georg Fischer Elpons, em 1920 Tarsila seguiu para a Europa, cursando por algum tempo a Academia Julian, de Paris, e o ateliê de Émile Renard, retratista da moda. Certas figuras femininas de Tarsila, executadas por volta de 1922, em pálidas cores com predomínio de azuis, evocam diretamente o estilo desse mestre, o qual teve o mérito de encorajá-la em direção à modernidade. Em 1922, Tarsila expunha em Paris, no pacato Salão dos Artistas Franceses, uma pintura que evocava o passado, sem remeter ao futuro. Nesse mesmo ano, contudo, retornando ao Brasil, decidiu modificar sua orientação estética; ao mesmo tempo, ligou-se aos intelectuais que formavam o Grupo Klaxon: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti dei Picchia e Sérgio Buarque de Holanda, entre outros.
Logo depois formou, com os três primeiros e Anita Malfatti, o Grupo dos Cinco, de vida efêmera; em 1923 encontrava-se de novo em Paris para estudar seriamente. Em janeiro de 1923, ainda sob a influência do Impressionismo, pintou Paquita, a Espanhola. Na obra seguinte — A Negra — já se acham algumas das características que marcam sua grande obra. Por essa época, a artista começou a freqüentar os ateliês dos principais mestres cubistas. Como escreveu Sérgio Milliet, em 1924, na Revista do Brasil, "André Lhote foi o seu primeiro mestre. Com ele conheceu a necessidade de uma reação contra o boichevismo impressionista. Lhote, pintor secundário, é excelente professor. Traço de união entre o cubismo e o academismo. Seu segundo mestre foi Fernand Léger. Mais um passo para a frente: mecanismo da vida moderna, assunto novo, síntese, ritmo, movimento. Quis, porém, conhecer os requintes da nova tendência e dirigiu-se a Albert Gleizes. Geometria, abstração do objeto, criação. Passou pelas três fases do cubismo. Convinham-lhe todas parcialmente.
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