Entrevista: Thalita Rebouças fala da importância da leitura
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- Publicado em Segunda, 22 Agosto 2011 04:20
A escritora e jornalista Thalita Rebouças esteve em Cuiabá no último sábado (20) ministrando a palestra ‘Ler é Bacana’. O Jornal Circuito Mato Grosso esteve presente no evento e participou de um bate-papo com a escritora. Confira abaixo o que Thalita falou ao CMT.
Circuito Mato Grosso: Você afirmou que a paixão por livros surgiu quando tinha dez anos. Qual foi o primeiro livro que leu e se identificou logo de cara?
Thalita Rebouças: Não sei te dizer precisamente qual foi o primeiro. Mas existem dois livros que li ainda muito nova e que me marcaram bastante, o primeiro é ‘Marcelo, Marmelo, Martelo’ da Ruth Rocha e ‘O Menino Maluquinho’, de Ziraldo.
CMT: Qual o segredo para o sucesso dos seus livros?
TR: Não sei se tem segredo. Acho que meu público gosta do que eu escrevo, porque eu não tento passar nenhuma lição de moral. Apenas conto histórias e eles tiram suas próprias conclusões.
CMT: De onde vem a inspiração para escrever os livros?
TR: Um pouco vem das lembranças de minha adolescência, da convivência e observação dos adolescentes, de conversas com filhos de amigos meus, ou mesmo de histórias que escuto.
CMT: Porque você escolheu o público infanto-juvenil?
TR: Na verdade, eu acho que eles é que me escolheram. Quando escrevi meu primeiro livro, fiz pensando num público de 18 a 25 anos, mas quem se interessou foi o pessoal de 13, 14, 15 anos. Então resolvi me dedicar a esse público que me escolheu.
CMT: Já pensou em escrever para outros públicos?
TR: Sinceramente, não. Escrever para adulto eu acho chato e também já tem muita gente fazendo isso. Para criança eu acho complicado, pois são livros mais ilustrativos e eu gosto mesmo é de escrever. Acho que meu foco mesmo, para vida inteira é o público adolescente.
CMT: Você tem alguma obra disponível na internet?
TR: Não. Eu entendo que no Brasil os livros são caros – até acho isso um dos motivos do brasileiro não ler muito – então eu costumo distribuir livros em bibliotecas de algumas favelas e comunidades carentes do Rio de Janeiro. Mesmo por que eu acho que não existe nada melhor do que o prazer de folhear um livro.
CMT: Você já tem algum outro livro para ser lançado ainda este ano?
TR: Sim, em novembro vai ser lançado o ‘Fala sério filho! – a vingança dos pais’. Esse foi um pedido especial que os pais fizeram pra mim.
CMT: E já tem idéias para próximos livros?
TR: Já comecei a pensar em uma história de uma adolescente excluída, com problemas na escola, com uma família ‘ferrada’. Ainda está no começo, mas já surgiram algumas ideias bem legais.
CMT: Nessa história você fala sobre bullying?
TR: Não tanto. Nesse caso a garota é meio excluída, mas é feliz. No livro ‘Ela disse, Ele disse’ foi que eu explorei bastante a questão do bullying.
CMT: Como foi a aceitação de seus livros publicados em Portugal?
TR: Foi maravilhoso! No começo tive certo receio por ser um país diferente do nosso, mais conservador. Mas foi muito bom. Os livros são recomendados pelas escolas de lá. E eu até já fui fazer palestras nessas escolas também.
CMT: Você tem a pretensão de publicar em outros países europeus?
TR: Tenho sim. Já fui sondada por três editoras da Itália. Mas acho que tem que ser algo muito bem pensado, não quero publicar apenas por vaidade. Então por enquanto ainda estou analisando.
CMT: Qual o seu livro que você mais gostou?
TR: ‘Uma fada veio me visitar’. Falo muito sobre amizade e a importância de não julgar as pessoas antes de conhecê-las. É um livro com bastante fantasias, pude me ‘esbanjar’ na hora de escrever.
CMT: Qual o seu livro de cabeceira? E o escritor favorito?
TR: Ensaio sobre a cegueira de José Saramago.
CMT: Como é a sua relação com os pais de seu público?
TR: Nossa é muito legal. Nos lugares que eu vou eles mostram que gostam bastante de mim. Eles dizem que sentem muito felizes por verem seus filhos lendo meus livros.
Entrevista: Thalita RebouçasO que você acha que os pais devem fazer para estimular o hábito da leitura nos filhos?
TR: Eu acho que é um processo complicado, tem que começar desde pequeno. Então se o seu filho se interessa por futebol, de um livro de futebol para ele. Se sua filha se interessa por moda, de a ela um livro de moda. Isso é um bom começo, ler livros com os quais eles se identificam.
CMT: De onde surgiu a ideia de participar dos quadros do Globo Esporte e do Video Show (na TV Globo)?
TR: Foi um convite do Boninho (diretor da Globo). Infelizmente eu não estou mais fazendo, pois não estava dando pra conciliar tanta coisa. Mais foi uma experiência muito boa, muito divertida e de vez em quando ainda faço alguma coisa por lá.
CMT: Você já pensou em ter um programa só seu?
TR: Até surgiu algum convite. Mas não quero fazer qualquer idiotice na TV. Tem que ser algo que eu ‘caia’ de paixão.
CMT: Qual a importância da leitura na vida de crianças e adolescentes?
TR: É a tal história: quem lê, consegue se fazer entender, adquiri senso crítico, se expressa melhor e pra mim a comunicação é vital na vida das pessoas.
Camila Ribeiro – especial para o Circuito Mato Grosso
Fotos: Mary Juruna
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