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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Atualidades- Livre

Gostar de rock começa a pesar na avaliação profissional

Categoria: classic rock, comportamento

Marcelo Moreira

Por mais preconceituoso que seja, não dá para fugir: a forma como a pessoa fala, se veste, age, trabalha, dirige e muitas coisas mais dizem muito sobre o indivíduo. Dá para julgar cada um por esse tipo de coisa? Cada um avalie da forma como achar melhor.

Da mesma forma, os hábitos culturais – os livros que lê, a música que ouve, os eventos frequenta – também dizem bastante sobre as pessoas. Existe a chance de se errar por completo, mas faz parte do jogo.

Dois fatos importantes, apesar de corriqueiros, mostram que os apreciadores de rock podem ter esperança de dias melhores, apesar dos casos recorrentes de preconceito explícito e perseguição por conta do gosto pessoal em pleno século XXI – algumas dessas excrescências têm sido narradas aqui em textos no Combate Rock.

No começo de agosto um gerente de uma grande multinacional instalada no ABC (Grande São Paulo) penava para contratar um estagiário para a área de contabilidade e administração. Analisou diversos currículos e entrevistou 24 jovens ainda na faculdade ou egressos de cursos técnicos.

Conversou com todo o tipo de gente, do mais certinho ao mais despojado, do mais conservador à mais desinibida e modernosa. Preconceitos à parte, procurou focar apenas a questão técnica e os conhecimentos exigidos.
Alguns candidatos até possuíam a maioria dos requisitos exigidos, mas acabaram desclassificados em um quesito fundamental para o gerente: informação geral, que inclui hábitos culturais.

O escolhido foi um rapaz de 20 anos, o penúltimo a ser escolhido. Bem vestido, mas de forma casual, usando rabo de cavalo, mostrou segurança e certa descontração, além de bom vocabulário e de se expressar de forma razoável, bem acima da média.

Durante as perguntas, o gestor observou que o garoto segurava um livro e carregava um iPod. O livro era a biografia de Eric Clapton. Após a quinta pergunta, direcionou a conversa para conhecimentos gerais e percebeu que o rapaz lia jornais e se interessava pelo noticiário.

“Você gosta de rock?”, perguntou o gerente. “Sim, e de jazz também”, respondeu o garoto. O entrevistador não se conteve e indagou se o rapaz se importava de mostrar o que o iPod continha. E viu um gosto eclético dentro do próprio rock: havia muita coisa de Black Sabbath, Deep Purple, AC/DC, mas também de Miles Davis e big bands.

“Não aprecio rock, não suporto o que minhas filhas ouvem, mesmo seja Rolling Stones, meu negócio é Mozart, Bach e música erudita. Mas uma coisa eu aprendi nas empresas em que passei e nos processos seletivos que coordenei: quem gosta de rock geralmente é um profissional mais antenado, que costuma ler mais do que a média porque se interessa pelos artistas do estilo. Geralmente são mais bem informados sobre o que acontece no mundo e respondem bem no trabalho quando são contratados. Nunca me arrependi ao levar em consideração também esse critério”, diz o gerente.

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